Mulheres de água: tímidas ou lascivas. Rejeitadas ou assediadas. Fiéis ou volúveis. Avarentas ou perdulárias. Prudentes, perversas, esquisitas, amorosas. Ao percorrer esta coletânea de contos, o leitor tem a impressão de se ver diante de todas as mulheres e de todos os sentimentos do mundo.
A complexidade das situações vividas pelas personagens é mostrada de modo sutil, e os recursos da narrativa vão do lírico ao satírico, passando pelo drama. Temos a solteirona que faz do projeto de encontrar um marido um compromisso em todos os lugares, dos bailes da terceira idade às missas dominicais. Temos a mãe, desesperada com o silêncio do filho supostamente desaparecido, escandalosa e patética. Temos a velhota cheia de manias, que se confessa com a amiga surda-muda.
Gabriel Chalita visita o universo feminino e penetra na alma dessas mulheres impressionantes, descobrindo medos, ambições, fragilidades, expectativas, frustrações. Vida, enfim, em estado bruto, para que o leitor não passe incólume pelas páginas da obra.
Editora Planeta, 2014.